terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Parabéns Taubaté!

Ontem estava vendo na tv notícias sobre as inundações em São Paulo. Foi inevitável agradecer por não morar lá! A verdade é que eu agradeço por isso constantemente... quando não fico mais que 30 minutos esperando o ônibus (ou dentro dele), quando ando sozinha pela rua à noite, quando saio despreocupada com minha bolsa pelo centro da cidade...

Obviamente, morar numa cidade de médio porte como a minha têm seus malefícios, por exemplo, a demora com que os filmes chegam ao cinema, só ter um shopping center, a falta de lugares para ir e a medíocridade de algumas pessoas daqui são coisas que realmente me irritam!

E é por isso que, pra mim, a melhor definição dessa cidade é afirmar que Taubaté é uma cidade desenvolvida, mas ainda há nela uma essência de cidade pequena. E de fato há mesmo... porque aqui sobrenomes e famílias ainda têm muita influência, é como se o coronelismo dos barões do café de outrora nunca tivesse acabado, realmente, bizarro!

A verdade é que parece que a cidade em si é tão contraditória quanto seus habitantes. Quando ando pelas ruas do centro e da Santa Terezinha, me sinto em 1930, vendo aquelas casas antigas, as senhorinhas fofoqueiras nos portões... surreal! Quem passa pela cidade através da Via Dutra pensa que se trata de uma cidade totalmente industrial. O que não é de todo errado, visto que se alguém saísse perguntando por aí, acho que cerca de 70% da população se diria "metalúrgica", devido à alta concentração de indústrias por aqui. Quem chega ao distrito de Quiririm, então, com todas aquelas cantinas de comida italiana, se sentiria em uma "Itália tupiqniquim"... Mas não se engane, aquele lugar também é um reduto no qual os sobrenomes fazem a lei! E por fim, temos todo o resto da cidade, que também engloba o meu bairro - que alías, é muito interessante. Afinal, quantas pessoas podem dizer que moram em um bairro que pertence a duas cidades? Que o seu vizinho paga IPTU pra uma cidade diferente da sua? Que o lixeiro que passa na sua rua não passa no quarteirão do lado e que pra ligar pra sua amiga que mora duas ruas depois da sua, tem-se que fazer um interurbano? Eu acho tudo isso sensacional!

Além de tantas curiosidades, ainda existem três mistérios sobre essa cidade que eu acho que nunca serão desvendados. Por quê tanto orgulho e homenagens para Monteiro Lobato, se ele desprezou a cidade? E, se tratando de uma cidade com 2 faculdades e tal, por que nenhum bar ou casa noturna (são raras as exceções) vingam nessa cidade? E por que só aqui se fala o "t" e o "d" diferente? Palavras como "bonitinho" e "dia" já são atrações culturais!

E assim vivo nessa cidade pequena, com 300 mil habitantes, que se conhecem pelo nome e que se odeiam por seus sobrenomes. Uma cidade linda, única, curiosa e contraditória que hoje completa 361 anos. E pra provar o quanto eu gosto daqui, posto um pedacinho do Hino de Taubaté (cujo autor, aliás, mora uma rua atrás da minha).

"Taubaté das Bandeiras - que ousaram
desbravar ínvias selvas, com glória.
Taubaté, cujos filhos não param,
sempre em marcha nas asas da História.
Taubaté das Moções, na erradia
epopéia por rios e lapas,
qual titã a fazer Geografia,
implantando fronteiras nos mapas!"

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