quarta-feira, 5 de setembro de 2007

com a palavra, o óbvio ululante

- "As coisas não ditas apodrecem em nós." (16/4/68)

- "Eis o que me dói ainda hoje: - nós olhamos pouco para os seres amados." (14/2/68)

- "Coincide que nós vivemos uma época crudelíssima. Para preservar a sua humanidade, o sujeito tem de lutar, ferozmente, contra tudo e contra todos. E das duas uma: - ou cada um constrói a sua solidão ou os outros o matam. (Alguém disse que os "outros" são os nossos assassinos). Vêm de toda parte as pressões que nos desumanizam. Há a manchete, o rádio, a televisão, o anúncio e, em suma, toda uma gigantesca estrutura que exige a nossa falsificação." (11/4/68)

- "O brasileiro é um Narciso às avessas que cospe na própria imagem." (18/4/68)

- "Tenho dito que a nossa época está ferida pela solidão. Não vejo outro tema mais urgente e fascinante. Somos todos solitários. Odiamos, matamos e morremos por solidão." (19/4/68)

- "Era tão absurdamente frágil que não estou longe de achar que o forte é um canalha." (5/1/68)

- "Fui varado por um sentimento de culpa que ainda hoje, quase meio século depois, me persegue. De vez em quando eu começo a me sentir um pulha. Sofro como um réu. Sou réu, mas de que, meu Deus? E, de repente, há um clarão interior e vejo tudo. É a bofetada que ainda está em mim, é culpa que não passa. Eis o que aprendi no episódio infantil: - é melhor ser esbofeteado do que esbofetear." (2/1/68)


(Nelson Rodrigues)

Um comentário:

Unknown disse...

Pasee.

Saludos.