quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Não perca o *seu* tempo!

Não entendo essa gente que gasta tudo em nome de ser bem sucedido. Meu pai assumiu um cargo na empresa que está lhe tirando o sono, o bem-estar, a saúde e a já tão pouca paciência que ele tem. Meu chefinho teve uma ameaça de enfarto nessa semana por que estava estressado demais. Um professor da faculdade, que também é gerente de uma empresa, passa a noite em claro atendendo ligações e orientando funcionários. Meu namorado vive reclamando de cansaço, de estresse, de insônia e de incapacidade de fazer tudo o que *deve* ser feito...

Esse é verdadeiramente o preço a ser pago por quem busca a excelência? Será que existe um meio termo em que sucesso profissional e paz de espírito sejam alcançados?

As pessoas acham que *devem* ser perfeitas, e talvez por isso esqueçam de ver a perfeição que cada um possui. Cada um de nós tem suas habilidades e seus gostos. Acredito que não precisamos ser bons em tudo. Devemos por a alma e o coração em tudo o que fazemos e nos esforçarmos para tornarmos nossas atividades diárias o mais prazerosa possível.

Tá, eu sei por experiência própria que nem sempre dá. O salário é uma miséria, você trabalha feito um camelo e todo mundo acha que você não faz nada de útil. Tem hora que falta até a motivação pra levantar da cama pela manhã... E aí o ganha pão vira obrigação, dever... Fica pesado e desagradável estar naquele lugar, com aquelas pessoas, fazendo aquelas coisas, oito intermináveis horas por dia (isso no mínimo). E é exatamente nesse ponto que a cabeça e o corpo padecem...

Eu me preocupo com pessoas que fazem esse tipo de coisas a si próprias em nome do sucesso. Um colega aqui no trabalho me disse que depois de tanto tempo fazendo isso, o corpo chega ao seu limite e se nega a continuar nesse ritmo frenético. Foi isso que aconteceu com o meu chefe.

Aí eu fui falar com o namorado porque essa história toda me deixou meio preocupada. E se algum dia for ele? É claro que ele disse que com ele não aconteceria, que ele estava apenas cumprindo suas obrigações, que não poderia deixar de fazer essas coisas e que ele aprenderia a fazer *tudo* em breve...

Naquela noite chorei, e no dia seguinte também. O miserável não apenas não pensa em mim, mas também nem olhou pra si próprio! Quer morrer? Enfia logo uma faca no peito, toma formicida, sei lá! Mas, por favor, não faça quem te ama ficar vendo a sua agonia e com medo do amanhã... Tem dias que ele nem almoça por que “não dá tempo”... Trabalha até altas horas (e detalhe: não ganha um centavo em horas extras), tá sempre cansado, estressado, mal-humorado, além de não ter tempo pra estudar, cuidar da casa e nem pra namorar comigo. E acaba sobrando pra mim... Sei que nessa ordem o namoro é o último item da lista. E penso até em vê-lo menos a fim de que ele se sinta com mais tempo para os outros afazeres. Talvez eu sinta a falta dele, mas talvez também seja o melhor a ser feito...

Tentei convence-lo, não consegui. Ele disse que ouve meus conselhos, mas até aí, meu querido, qualquer um que não seja surdo também ouve! Eu disse aquilo tudo porque me importo com ele e desejo que ele ponha meus conselhos em prática! Mas eu não mando nas pessoas e cada um tem seu tempo pra aprender as coisas... Tudo o que eu posso fazer agora é tentar ajuda-lo no que for possível, e ter muita, mas muita paciência...

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