Vamos ver se coloco de forma que não haja mais dúvidas quanto a este assunto...
Quando acordo na TPM, a primeira coisa que penso é: TUDO está errado. E por “tudo” eu quero dizer o MUNDO, entende? Tipo, a crosta terrestre, a atmosfera, a hidrosfera e principalmente a biosfera, que me enviou como representante esse MALDITO BEM-TE-VI QUE ESTÁ GRITANDO NA PORRA DA MINHA JANELA!!!
Aí, eu faço um vídeo-clipe mental de “Matador de passarinho” do Skylab. [Abre-MERCHAN!!!] música que faz parte do Cd “Trilha sonora da TPM”, que traz vários outros sucessos para animar esse período mágico como “Sou rebelde porque o mundo quis assim” e ainda “Essa vida me maltrata, estou virando um psicopata”. Peça já o seu!!! [Fecha-MERCHAN!!!]
O vídeo-clipe me deixa mais alegrinha e pronta pra pensar em coisas mais amenas como “queria que meu chefe morresse” ou “eu odeio filhotinhos de gato”. Daí pra frente a coisa só vai melhorando. A sensação de que tudo está errado vai virando certeza absoluta, me levando ao ponto de argumentar com veemência a favor de Deus mudar a cor desse céu azul-irritante.
Vai discordar? Boa sorte. Isso só aumentará a sua dor, isto é certo. A única dúvida é quanto a forma que o ódio escolherá pra sair de mim, em sua direção. Vejamos as opções para o exemplo supracitado:
a) Ficar alterada e continuar argumentando no melhor estilo Heloísa Helena;
b) Chorar copiosamente repetindo “MAS POR QUE AZUL, CARA??? POR QUÊEEEEE????”
c) Lançar um grampeador em sua direção (reze para que a tesoura não esteja mais a mão).
Mas o que eu acho mais maravilhoso na TPM é que ela é convincente. Você realmente acredita que o certo a fazer é arremessar o grampeador, você sente toda aquela indignação quando as pessoas não compartilham do seu raciocínio, todo aquele ódio quando a porra da tampa do refrigerante cai, toda aquela vontade de chorar quando vê o comercial do “Mercado Livre” (aquele bem idiota com um carinha que vende um beijo, sabe?). Enfim... TPM é isso, ad infinitum.
Uma amiga minha conta que já foi a uma médica pedir ajuda para controlar a metamorfose mensal que a pobre menina sofria. A médica fez pouco caso. Disse que TPM é coisa de revista feminina. Bom, neste caso, acho que a Coca-Cola e a CIA poderiam fazer um cursinho com a galera da “Nova”, para aprenderem o “ultimate-método-de-lavagem-cerebral”, porque PUTA QUE PARIU, ele é SUPER eficiente! Eu, por exemplo, NUNCA comprei um único exemplar de “Marie Claire” ou similares, mas a TPM, essa sim, eu recebo mensalmente e sem pagar assinatura.
Talvez, a médica, estivesse tentando dizer, de forma extremamente simplificada, que o ser humano é, ao mesmo tempo, um ser biológico, social e cultural. Assim, a TPM (bem como a adolescência, a menopausa, a “crise da meia-idade”, etc) têm sido supervalorizados pela mídia, que na falta de um assunto melhor (ou de espectadores/leitores melhores), apela para este “cardápio fácil” com o intuito de continuar vendendo suas revistas e ganhando seus pontos no ibope. Neste sentido, a TPM é uma construção cultural/social, mas a base desta construção É, SIM, BIOLÓGICA (uma médica deveria saber).
E cá entre nós, eu só estou me dando ao trabalho de dar toda essa justificativa tão pretensiosamente científica, porque não estou na TPM.
Caso estivesse, mandaria todo mundo tomar no cú, e pronto.